No final do último texto terminei usando a seguinte expressão: “…conformado com a minha sapiência humana limitada”, complementando que esse era assunto para outro momento. Aproveitando a ideia, minha amiga Hortênsia logo sugeriu que escrevêssemos sobre o assunto e eu, de imediato, aceitei sem nem pestanejar.
De maneira geral, meu pensamento sobre isso é que como indivíduos da espécie humana somos restritos em tempo e espaço. A consequência disso é que existe uma necessidade contínua de aprendizado, de adquirirmos constantemente novos conhecimentos, mas que também somos restritos para compreendermos muitas coisas que estão além do limite da nossa condição.
Associada a essa necessidade intrínseca está a nossa capacidade de criar, imaginar e fantasiar, bem como um certo incômodo em não compreendermos o que ainda não sabemos (talvez nunca saibamos). Então, acredito que usamos essas duas características para desenvolvermos mecanismos de conformação, tipo uma sublimação. De alguma maneira as respostas fictícias satisfazem o anseio por respostas, quando questionadas sobre a ausência de elementos concretos ou comprováveis, fazem uso da pequenez humana para justificar as situações, a partir do contexto da fantasia elaborada.
Se observarmos bem esse é um comportamento coletivo, atemporal e situacional – pode ser verificado em vários momentos da história, em locais diferentes para explicar fatos diversos.
Como diz meu amigo1 Pedro Calabrez – pesquisador do Laboratório de Neurociências Clínicas, energia é algo muito precioso e na natureza os seres buscam adquiri-la com o menor esforço e gastar apenas o mínimo necessário. Então, seguindo essa lógica, creio que faz todo sentido acreditarmos em ideias prontas, pensamentos pré-concebidos e seguirmos as tendências do momento, que gastar nossas energia e perder tempo pensando, subvertendo a ordem constituída ou até mesmo confrontando ideias.
1 Sou amigo dele, mas certamente ele nem me conhece, logo não é meu amigo!