Meu amigo Tsun é um cara complicado… Vejam só o que me propôs: “Flor, vamos escrever sobre algo que, se tivéssemos feito, nossa vida seria diferente do que é hoje.” E eu quase não dormi com essa missão quase impossível!
Lá fui eu revirar as memórias da minha curta vidinha para lembrar o que eu deixei de fazer que poderia ter mudado todo o meu destino! Taí uma palavra difícil também: destino. Será que existe? Mas isso é outra discussão e eu estou mesmo é querendo fugir do desafio…
Estou aqui psica com essa tal coisa que poderia ter mudado a minha vida. Não sei… Talvez eu tivesse feito outro curso, ou tido outros namorados, ou fugisse num circo e isso mudasse minha vida toda. Mas acho que o que realmente poderia mudar minha vida toda seria eu aprender a fechar a boca em todos os sentidos.
Já contei para vocês aqui que adoro bocas. Quando me apego a alguém é porquê acho a boca uma coisa linda! estou falando de boca no sentido real e no sentido figurativo, do que saia da boca. E tem uma explicação para eu gostar tanto de bocas: não consigo controlar a minha!
Pois bem, o que poderia ter mudado toda a minha vida seria exatamente eu ter controlado minha boca em vários momentos da minha vida. Quando criança, fui muito solitária porquê da minha boca saiam palavras adultas, o que intimidava outras crianças. Quando adolescente, acho que falava tanto que assustava os candidatos a crush. E me interessava pelos que falavam muito também. Na idade adulta minha grande boca me fez perder oportunidades profissionais porquê dela saem verdades que algumas pessoas não gostam de ouvir. E ainda adulta, expor meus sentimentos sem resguardo nem anteparos me deixa mal em muitas situações.
Então, querido amigo Tsun, se o desafio é o que eu poderia fazer e não fiz que mudaria toda minha vida, a resposta é: poderia ter virado uma planta carnívora, que soubesse absorver em vez de se dar, que pudesse se fechar e digerir em lugar de se abrir e se espalhar. Teria sido tudo diferente: menos dores, menos cores, menos rancores. Mas, em compensação, querido amigo, você não teria tido a oportunidade de conhecer minhas flores. Elas surgem, murcham, vão e vem, junto com meu sorriso e com o que sai da minha boca e com tudo que sou. Estão nos meus laços, nos meus passos e abraços.
Como eu gosto de desenhos animados, a música do Cavaleiros do Zodíaco poderia ser a trilha sonora do tema da semana:
Laços de Flores (música de um dos episódios de Cavaleiros do Zodíaco”
“Como as cores num retrato o tempo insiste em desbotar
As lembranças que eu guardei estão todas a murchar
Ao fechar os olhos me transporto a um dia mais feliz
Em meus sonhos modificar um destino tão sombrio
O calor do dia envolve nossas mãos
Um fantasma do tempo, sentimento que não chega ao fim
Misturando amor e dor, seu sorriso sempre viverá dentro de mim”
Apenas trocaria a última frase: a despeito de qualquer adversidade, e este texto me lembrou muitas,
lembrou muitas, meu sorriso sempre viverá dentro de mim.
Que muitos laços de flores tragam colorido para suas vidas!