“Pretinha, o que você faria se tivesse somente 30 dias de vida?” Ele me perguntou. Sorri aquele meu sorriso meio bobo que vem quando a resposta não está pronta.
Mudei de assunto, desconversei. “Que pergunta boba!”, tive vontade de dizer. Mas a pergunta ficou martelando na minha cabeça.
Dormi um sono angustiado, acordando de vez em quando, consciente de que a vida tem mesmo um fim, embora a gente nem queira lembrar disso.
Para espantar o medo do fim, ou talvez para tentar dar alguma organização para o futuro, resolvi fazer um poeminha…
Estou aqui pensando no fim
Mas nada tem fim, só começo
Quando você me vira a mente do avesso
Me fazendo pensar no quero esquecer.
Mas se é para é para lhe responder
Digo que no tempo curto que me resta
Tudo nessa vida será festa.
A lua vai brilhar e é só pra mim
Eu vou me pintar de Arlequim
Mas bailarina é que vou ser, enfim.
Nesses trinta dias
Serão tantas alegrias
Que nem saberei se estou indo,
Ou se a vida é que está vindo
Me carregar num grande maremoto
Onde eu vou surfar na onda.
Vou tocar na sua banda
Vou correr contra o vento
Despenteada, descalça e leve.
Vou te cobrar até o que não me deve:
Aquele abraço mais comprido
Um sorriso divertido
E um beijo dado com o olhar.
Posso até te dar adeus, meu mundo.
Posso cair num sono profundo,
Mas não te acho nada cruel.
Beijos de uma flor reflexiva…