
Tenho uma enorme dificuldade com finais de ano. Aliás, tenho dificuldades com finais… Finais de novela (perco o último capítulo); de livros (leio o fim e depois volto para o começo); de relacionamentos… O fim do ano, como qualquer outro final, não faz o menor sentido. Não quero que ele acabe. Sinto medo que as coisas mudem, que pessoas importantes desapareçam da minha vida. Que momentos importantes sejam esquecidos por aquelos a quem quero muito bem.
Inícios também são muito complicados… Novamente, inícios me remetem a novelas das quais não gosto de assistir os primeiros capítulos, textos que ansiosamente devoro e a relacionamentos. Tenho muita dificuldades com esses últimos.
Meu sincericídio já detonou algumas situações que poderiam ter sido vividas com mais calma. Minha ansiedade e medo do abandono já me fizeram dizer o que não deveria ser dito e calar o que deveria dizer.
Expectativas para 2018 me remetem a essas situações que são muito angustiantes. Não quero ter expectativas. Quero viver. Quero sentir as emoções do caminho do meio. Não quero me angustiar com o que não fiz no ano que está terminando e nem sonhar com o que farei no ano que está nascendo.
Quero estar, não no recuo das águas do tsunami, nem tampouco na quebrada destruidora das ondas. Quero permanecer naquele momento em que o mar está calmo e sereno e a marola nos embala. Quero permanecer na transição.
Quero florescer. Não quero ser a flor a se despetalar com o fim da florada no ano velho nem quero ser o botão ainda por se abrir no ano novo. Quero estar florida, feliz, plena, em 2017, 2018, 2019 e quantos anos puder viver… E se me for permitido, dormirei enquanto todos comemoram, ligando o ontem e o amanhã com um lindo sonho, sem pressa para acordar…